Artigo de opinião

A jornada universitária como sua revolução pessoal: desperte, lidere, transforme


221 6min

Escrito por Beatriz Souza em 24/10/23.

A jornada universitária como sua revolução pessoal: desperte, lidere, transforme

Atualizado em: 28/10/23

"O admirável mundo novo" universitário, para um calouro

A entrada na universidade marca uma fase significativa na vida de qualquer estudante. Um período de mudança, marcado por afastamento de longos laços afetivos, inserção em um ambiente totalmente distinto daquele já conhecido por tantos anos, acarretando numa alteração profunda na dinâmica de interação social e institucional. 

No ensino médio, temos nosso grupinho e os alunos muitas vezes estão inseridos em um ambiente mais controlado e familiar, no qual as relações com professores e colegas tendem a ser mais próximas e diretas. Ao ingressar na universidade, num rompimento com o que são habituados, eles são expostos a um mundo acadêmico mais diversificado, em que a independência é valorizada e as relações se tornam mais complexas. Essa mudança, que pode ser desafiadora para muitos estudantes, proporciona uma experiência que alguns, até então, não conheciam: a autonomia.

A liberdade que a universidade oferece, pode sobrecarregar aqueles que estão acostumados com um ambiente de ensino médio… Não há mais uma supervisão rigorosa dos horários e do progresso acadêmico, exigindo dos alunos uma postura mais auto disciplinada, organizada e definida. Além disso, as interações com os professores mudam, tornando-se mais independentes e, muitas vezes, envolvendo uma abordagem proativa para buscar ajuda e esclarecimentos.

Seria mais simples se as disparidades entre esses dois momentos da vida fosse apenas acadêmica, porém os desafios não se limitam apenas aos estudos! Socialmente, a universidade também oferece um ambiente diversificado, onde os alunos podem interagir com pessoas de diferentes origens, vivências e perspectivas. Essa variedade enriquece o ambiente de aprendizado, mas também pode ser intimidante para quem não está acostumado a essa pluralidade de experiências.

É neste momento em que o desenvolvimento de habilidades de comunicação eficazes e tolerância para compreender diferentes pontos de vista prova-se uma parte fundamental do crescimento pessoal durante a graduação.

Com certeza, você já deve ter se deparado com um calouro que diga que a universidade é um lugar orientado para adquirir conhecimento, mesmo sendo a experiência da graduação tão completa. Este lugar, em sua essência, é um verdadeiro caldeirão de aprendizado, um espaço fascinante com uma diversidade de ideias e perspectivas infinita que permite ao aluno também construir um repertório de opiniões sólidas e habilidades de pensamento crítico. É no ambiente universitário que somos convidados a ir além do óbvio, a questionar e a desafiar premissas, a desenvolver nossa capacidade de discernir entre informações com o propósito de construir nosso próprio entendimento profundo dos conceitos. E esta é a função social original da Universidade, contrariando o senso comum.

 

Autonomia e Proatividade são as ferramentas de navegação pela Universidade

Neste período de crescimento pessoal, aprendizado acadêmico e aquisição de novas habilidades, também forjamos armas e escudos necessários para enfrentar o que há de vir no futuro. Essa jornada exige mais do que apenas a busca por conhecimento; ela também exige a capacidade de se posicionar como um indivíduo e saber como enfrentar situações desafiadoras, seja para defender suas convicções ou para responder a questões éticas e morais. Nesse contexto, é crucial que os alunos desenvolvam uma postura firme e autônoma, ao mesmo tempo em que estejam preparados para lidar com debates acalorados,  ou até mesmo com situações que envolvem assédio ou abuso ético e moral, que, infelizmente,possam vir a ocorrer.

Essa autonomia se desdobra nas interações interpessoais, fundamentais em um ambiente universitário. O aluno, agora um jovem adulto, deve transpor as fronteiras do ensino médio, onde as relações eram mais familiares e diretas. A habilidade de se comunicar de maneira assertiva, expressando pensamentos e ideias de maneira respeitosa, é uma competência inestimável, que não se aprende numa aula, mas sim, praticando cotidianamente. Isso não se aplica apenas aos professores, mas aos colegas e todos os membros da comunidade acadêmica.

Na universidade, há uma dança de perspectivas embalada por ideias diversas.

O aluno não é mais apenas um espectador, é parte integrante desse espetáculo intelectual. É necessário buscar ativamente por sua identidade acadêmica, assim, amadurecendo como pensador crítico e comunicador eficaz.

O respeito mútuo e a habilidade de articular opiniões são as notas que harmonizam essa melodia educacional, preparando o aluno tanto para a graduação quanto para a vida além dos portões da universidade.

Desbravando a Autonomia na Jornada Universitária

No entanto, nem todos os momentos na Academia são de diálogo tranquilo e respeitoso. À medida que ingressa na graduação, o aluno é colocado em um novo papel, tratado como um adulto responsável por suas escolhas e ações. Já não há professores que intermediam conflitos entre colegas, nem supervisores que ofereçam soluções prontas para cada dificuldade. Com a maioridade, vem a liberdade e responsabilidade. O estudante deve se empoderar para enfrentar situações desafiadoras e assertivamente fazer valer seus direitos. Isso pode envolver se posicionar diante de comportamentos inadequados, confrontar opiniões que não condizem com seus valores e buscar as instâncias corretas para denunciar abusos ou assédio.

A universidade é um espaço onde o aluno é não apenas um receptor de conhecimento, mas também um agente de mudança e defensor da ética e do respeito.

No cenário acadêmico, dilemas éticos podem surgir de forma inesperada. Alunos podem se deparar com situações que testam seus princípios morais e valores pessoais. Em vez de simplesmente seguir o fluxo, eles são desafiados a avaliar a situação, considerar as implicações e tomar decisões informadas. Essa postura envolve a coragem de agir conforme os próprios princípios, bem como a disposição de dialogar com outros envolvidos e, quando necessário, recorrer às instâncias corretas dentro da instituição. 

A jornada pela graduação é uma oportunidade para o aluno desenvolver suas habilidades acadêmicas tão bem quanto às competências sociais e emocionais que se tornarão parte da sua identidade como cidadão e profissional. A capacidade de se comunicar de forma eficaz, de defender seus valores com respeito e de agir de forma assertiva é uma base sólida para construir uma carreira bem-sucedida e uma vida significativa. 

Por fim, aos calouros, pode-se dizer que a graduação não é apenas um capítulo acadêmico, mas uma jornada de autodescoberta, autonomia e responsabilidade.

O aluno é convidado a se posicionar como um adulto, a agir de forma proativa diante de situações desafiadoras e a buscar a justiça e o respeito que merece. A partir dessa perspectiva, estarão preparados para mergulhar de cabeça na vida acadêmica, explorando todas as facetas intelectuais, emocionais e sociais que ela oferece. Nesta próxima etapa, se permita experimentar a mistura de ansiedade e empolgação, marcando o início dos seus anos mais desafiadores e recompensadores.

Beatriz Souza

Beatriz Souza


Assistente de produto do Coractium. Bacharel em Biofísica pela UFRJ, com experiência em pesquisa básica sobre o Sistema endocanabinoide no Sistema nervoso Central, bem como experiência em projetos extracurriculares e voluntariado em ensino.


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